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Mostrando postagens de 2012

Anarquista denegridor

Tô me rastejando amor, minhas pernas estão pouco firmes para andar. Talvez tudo isso seja culpa tua, mas talvez seja minha. Só minha. Só minha por aceitar todas as vezes que você me chamou de idiota por não te querer sem interromper tuas falas, sem gritar o mais alto que eu pudesse que eu queria sim. Que eu queria mais que tudo. Que eu queria te fazer feliz, que eu queria montar, armar, fixar uma rede na tua vida. Ou quem sabe abrir uma barraca, ou melhor, construir uma casa. Pra nunca mais precisar ir embora, pra nunca mais te deixar. Mas eu tinha medo e também receio, porque no fundo eu sei que tu sabias que o que eu queria era ficar contigo por todo esse sempre. Confesso que, às vezes (ou todas as vezes), eu sentava em um daqueles bancos do lago esperando você chegar, com seu meio de transporte favorito, pra me levar longe dali, pra qualquer lugar desse mundo. E sabíamos, juntos, que teu meio de transporte favorito era o meu também. Porque favoritávamos o amor, mesmo desconhecendo

Sistema límbico friamente oco

“Cola em mim, no meu abraço” ela dizia. Sabe, eu sempre achei essa expressão um tanto sugestiva e, até mesmo, arrogante. Como poderia eu colar em ti se mal sei como viver sozinho comigo mesmo? Eu te derrubaria com um passo. Sempre achei demasiada a forma com que você apostava todas as suas fichas em mim, acreditavas que podia ser amor e eu, com meu gigantesco ego, só sabia que te encantava, que te fazia perder o juízo e, quem sabe, a loucura também. Toda minha vida eu quis alguém assim e quando consegui, me escorei num barranco sem ter um lugar permanentemente certo para ficar. Eu era como um cão sem dono, um mendigo sem lar. Eu era um pleonasmo que sabe muito bem que mendigos não possuem lar, todavia sempre achei a rua um ótimo lugar para se estar. Eu tinha o meu conforto naquela casa branquinha e sempre precedia meu caminho para a rua de asfalto escuro. Sempre fui do contra, como dizia minha mãe. Minha doce mãe, a qual sabe-se lá qual rumo tomaste, hoje eu só tenho de agradecer a

Que você, que eu.

Que você solte suspiros quando chegar a hora de sair da nossa cama para trabalhar. Que você ajeite a mesa para o café da manhã e compre flores antes de eu acordar e que as deixe num canto da mesa junto com um bilhete escrito "Bom-dia-flor-do-dia-eu-amo-você". Que você chegue no trabalho implorando pra ir embora, que você pense em mim nas últimas horas bem contadas com o ponteiro do relógio pendurado na parede em frente a sua mesa, e que você venha para casa pensando em mim, preparando planos para o fim de semana enquanto fica preso no trânsito. Que você telefone dizendo que vai atrasar para o jantar, mas que chegue com dois ingressos para a última sessão do filme que eu comentei com você que gostaria de assistir. Que você finja esquecer meu aniversário e quando eu chegar em casa as luzes se acendam com sua única voz dizendo "Feliz Aniversário". Que não nos falte companheirismo e carinho. Que não nos falte amor e dedicação. Que seus olhos brilhem a cada "eu te

Uma salva de palmas para o destino

Vamos saudar o destino com uma bela salva de palmas, ele merece. Merece por nos iludir tanto. Merece porque mesmo este danado sendo tão incerto, sempre queremos sabê-lo. E o pior é que sabendo-o, sempre queremos mudá-lo. Uma bela salva de palmas para o destino por ficar tão adiante de todas as expectativas existentes, por nos fazer sorrir ou chorar quando menos esperamos. Uma salva de palmas para o destino p or ser a fatalidade que todas pessoas estão sujeitas a correr sem tomar nenhuma precaução. Duas (pode ser?) salvas de palmas para o destino que deu certo, para destino que fez soltar um riso torto num dia ensolarado. Uma salva palmas para o destino que derrubou a última folha daquela árvore nos avisando o que virá. Para o destino promissor que quebra, devastadamente, com todas as promessas e que mesmo assim não desistimos dele. E uma gigantesca salva de palmas para nós, que somos tão imprudentes que mesmo depois de tantos destinos terem passado, não aprendemos a cautelar o agora

Esquecer lembranças

Enquanto eu andava pela rua, todos me olhavam com aquele ar de bom dia mal dado, como se fosse um dia comum. Como se eu estivesse normal hoje. Andei três quadras a espera de um sorriso e por fim, nada recebi. Será que as pessoas são realmente tão ocupadas que não podem nem olhar uma pra outra? Eu precisava de um sorriso, só isso. Abaixei a cabeça e segui reto, convencida de que eu não ganharia o que esperava, pelo menos não era a primeira vez... Eu superaria. Superei a primeira. Superei a segunda. A terceira não superei. A quarta superei pela metade. Mas por que não superei? Lembranças. Que coisa mais maldita essa, não é? Sempre trava meu riso, por mais que eu busque motivos pra rir lá do fundo da minha alma. Sabe... Eu não te esqueci.  Eu finjo que não te vejo quando você passa, que não te conheço quando me olha - se é que me olha. Suponho que sim, moramos na mesma quadra e todo mundo olha para os lados ao atravessar a rua, ou pelo menos, deveriam.    Outro dia Alicce me levou