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A lágrima oculta por trás do sorriso

Às vezes eu me sinto dominada pela minha própria paranoia que me enfraquece e me sabota. Outras vezes eu enfraqueço e saboto a paranoia.  É uma gangorra.  É uma montanha-russa.  É um legítimo vai-e-vem.  É um sopro. Um suspiro.  Inimagináveis as coisas que podemos aprender com nós mesmos.  A vida é um segundo bem sentido. Ou mal. A vida é um passado ou futuro eternizado nesse mesmo segundo.  Uma hora vai bem, outra hora vai mal.  Ouvi dizer que essa alternância de humor não é saudável... Queria que fosse tão fácil solucionar como foi para o sujeito falar.  Desculpa o tom áspero, mas tenho enfrentado batalhas por conta do que ouço. Tenho me sentido menor e incapaz por conta do que ouço. Como se todos soubessem o que devo fazer, menos eu.  Questionável a racionalidade do pensamento. Aí que está: depressivo não usa a razão. O cérebro está quebrado. E, consequentemente, o coração também.  A sensatez de Martha Medeiros a permitiu dizer que as pessoas somente convivem, mas não se conhecem.

Amadores

Tem sido uma época difícil para os amadores. Amadores intensos. Amadores que se desmancham a amam as dores. Amadores que mandam ao mar suas dores. Amadores que restam por terra a sentir suas dores. Nada é tão fácil como eles disseram que seria. De fato está melhor, mas quando é que começa a ficar bem? Os reencontros que pareceram desencontros em caminhos já conhecidos, caminhos esburacados e muito ramplidos¹, na falta de saber onde se está e na super suficiência de achar que está no lugar errado. Somos amadores de idas e voltas, impulsos e tropeços... Nos desconhecemos com a dor. Só essa frase basta para definir amadores no amor. ¹RAMPLIDOS: verbo no particípio retirado do francês "remplir" que significa preencher. Preenchidos.

Não ser um salmão

Ando nauseada. Nauseada pela indigestão que tenho tido do mundo. Pelas barbáries que tenho tido que ouvir. Pelas palavras que descem secas e ásperas pela minha faringe ao evitar expô-las. Ando nauseada da minha incapacidade de solucionar os problemas, pela minha habilidade supernatural de me acomodar com determinadas circunstâncias a fim de que eu não sinta dor. A comodidade sempre me pareceu triste. Não ir contra a correnteza... Não ser um salmão... Não combinam com minha personalidade. Mas parece que um meteoro caiu na minha cabeça e eu esqueci totalmente da realidade que eu tinha. Eu vivo constantemente com medo. Medo de que as coisas mudem; medo de que continuem iguais. Mudanças nunca foram fáceis para mim e mesmice nunca se encaixou na minha vida. Estou internamente em uma fusão de sentimentos que me assombram. Queria sentir menos, porque às vezes me assusta imaginar que talvez eu sinta demais por todos aqueles que não sentem nada. Confusão tem se tornado uma palavra amiga. Into

A normalidade da cura

Eu gosto de observar as pessoas em lugares completamente lotados. Gosto de imaginar tudo o que cada uma delas já houvera passado nessa vida. Me traz um conforto imaginá-las nas mesmas circunstâncias que as minhas. Imaginar que todas elas já tiveram uma amizade que as detonou a cara, um amor que as dilacerou o coração, desentendimentos com os pais e, até, um cachorro que morreu. Eu gostava de imaginar isso, cara, é sério! Eu gostava de imaginar que eu era normal.  Mas acontece que não era como eu queria, as coisas não aconteciam com normalidade para mim. Por mais que o meu cachorro morresse, com certeza não seria como qualquer cachorro normal morre. Seria de uma isquemia cerebral ou uma epilepsia muito violenta, nada parecia acontecer de forma normal pra mim.  E eu me perguntava a todo tempo "por que isso acontece comigo?" - nos autoquestionar é sempre a primeira reação. E eu não sabia a resposta, mas gostava de imaginar que se em algum momento me ocorresse algo bom, seria

Abraçada

A calçada e a rua eram estreitas de tal modo que os pedestres podiam caminhar lado a lado dos carros, cada esquina parecia se cruzar com a outra. O aglomerado de pessoas na calçada me abraçava. Talvez não fosse a melhor forma de toque, mas eu me sentia abrangida. Não pense que eu sou uma solitária, carente, mas eu gosto mais do mundo inteiro do que de uma pessoa só. O mundo em seu todo não te fere nos lugares mais dolorosos, porque ele não te conhece, porque ele não te sabe. Em muitas, até mesmo te oportuna o bem perene. De longe eu avisto as bicicletas do Saint's Cooffe que estão sempre lá, completando a decoração em conjunto com as flores do lado de fora. Seu Pierre costuma dizer que as flores possuem a capacidade de suprir todas as dores e todos os males de uma pessoa. Por isso precisam ser trocadas todos os dias por novas para que continuem desenvolvendo o seu trabalho com tanta sutileza sem equívocos. Para ser sincera, eu não sei exatamente se isso acontece ou se é algo que

Anarquista denegridor

Tô me rastejando amor, minhas pernas estão pouco firmes para andar. Talvez tudo isso seja culpa tua, mas talvez seja minha. Só minha. Só minha por aceitar todas as vezes que você me chamou de idiota por não te querer sem interromper tuas falas, sem gritar o mais alto que eu pudesse que eu queria sim. Que eu queria mais que tudo. Que eu queria te fazer feliz, que eu queria montar, armar, fixar uma rede na tua vida. Ou quem sabe abrir uma barraca, ou melhor, construir uma casa. Pra nunca mais precisar ir embora, pra nunca mais te deixar. Mas eu tinha medo e também receio, porque no fundo eu sei que tu sabias que o que eu queria era ficar contigo por todo esse sempre. Confesso que, às vezes (ou todas as vezes), eu sentava em um daqueles bancos do lago esperando você chegar, com seu meio de transporte favorito, pra me levar longe dali, pra qualquer lugar desse mundo. E sabíamos, juntos, que teu meio de transporte favorito era o meu também. Porque favoritávamos o amor, mesmo desconhecendo

Sistema límbico friamente oco

“Cola em mim, no meu abraço” ela dizia. Sabe, eu sempre achei essa expressão um tanto sugestiva e, até mesmo, arrogante. Como poderia eu colar em ti se mal sei como viver sozinho comigo mesmo? Eu te derrubaria com um passo. Sempre achei demasiada a forma com que você apostava todas as suas fichas em mim, acreditavas que podia ser amor e eu, com meu gigantesco ego, só sabia que te encantava, que te fazia perder o juízo e, quem sabe, a loucura também. Toda minha vida eu quis alguém assim e quando consegui, me escorei num barranco sem ter um lugar permanentemente certo para ficar. Eu era como um cão sem dono, um mendigo sem lar. Eu era um pleonasmo que sabe muito bem que mendigos não possuem lar, todavia sempre achei a rua um ótimo lugar para se estar. Eu tinha o meu conforto naquela casa branquinha e sempre precedia meu caminho para a rua de asfalto escuro. Sempre fui do contra, como dizia minha mãe. Minha doce mãe, a qual sabe-se lá qual rumo tomaste, hoje eu só tenho de agradecer a