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A lágrima oculta por trás do sorriso

Às vezes eu me sinto dominada pela minha própria paranoia que me enfraquece e me sabota. Outras vezes eu enfraqueço e saboto a paranoia.  É uma gangorra.  É uma montanha-russa.  É um legítimo vai-e-vem.  É um sopro. Um suspiro.  Inimagináveis as coisas que podemos aprender com nós mesmos.  A vida é um segundo bem sentido. Ou mal. A vida é um passado ou futuro eternizado nesse mesmo segundo.  Uma hora vai bem, outra hora vai mal.  Ouvi dizer que essa alternância de humor não é saudável... Queria que fosse tão fácil solucionar como foi para o sujeito falar.  Desculpa o tom áspero, mas tenho enfrentado batalhas por conta do que ouço. Tenho me sentido menor e incapaz por conta do que ouço. Como se todos soubessem o que devo fazer, menos eu.  Questionável a racionalidade do pensamento. Aí que está: depressivo não usa a razão. O cérebro está quebrado. E, consequentemente, o coração também.  A sensatez de Martha Medeiros a permitiu dizer que as pessoas somente convivem, mas não se conhecem.

Lovers of the light

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O show do Mumford and Sons no Red Rocks tocando no Spotify parecia a trilha sonora perfeita para aquele momento.  “... so love the one you hold and I will be your goal...” Marcus cantava e eu só ouvia o som do violão cada vez mais frenético, como se cada corda vibrando fosse uma frase motivacional a fim de me inspirar para eu me apaixonar por você. Para encontrar o que eu queria bem dentro de mim a partir daquilo que hoje acredito merecer.  Há tempos o sentimento de o mundo ser acessível não me preenchia. Há um certo tipo muito belo de sensação quando me aproximo de você. Talvez porque poucas calmarias no mundo fazem com que eu me aproxime de mim mesma como essa. É uma forma de entrega que eu não permito que ocorra em quase nenhuma situação. Talvez porque naquela discussão no nosso primeiro encontro você tenha me ganho do jeito certo. Do jeito necessário para conquistar essa entrega.  Bom, ainda não posso confirmar a última afirmativa. Não sei se existe um jeito necessário... A entr

Amadores

Tem sido uma época difícil para os amadores. Amadores intensos. Amadores que se desmancham a amam as dores. Amadores que mandam ao mar suas dores. Amadores que restam por terra a sentir suas dores. Nada é tão fácil como eles disseram que seria. De fato está melhor, mas quando é que começa a ficar bem? Os reencontros que pareceram desencontros em caminhos já conhecidos, caminhos esburacados e muito ramplidos¹, na falta de saber onde se está e na super suficiência de achar que está no lugar errado. Somos amadores de idas e voltas, impulsos e tropeços... Nos desconhecemos com a dor. Só essa frase basta para definir amadores no amor. ¹RAMPLIDOS: verbo no particípio retirado do francês "remplir" que significa preencher. Preenchidos.

Não ser um salmão

Ando nauseada. Nauseada pela indigestão que tenho tido do mundo. Pelas barbáries que tenho tido que ouvir. Pelas palavras que descem secas e ásperas pela minha faringe ao evitar expô-las. Ando nauseada da minha incapacidade de solucionar os problemas, pela minha habilidade supernatural de me acomodar com determinadas circunstâncias a fim de que eu não sinta dor. A comodidade sempre me pareceu triste. Não ir contra a correnteza... Não ser um salmão... Não combinam com minha personalidade. Mas parece que um meteoro caiu na minha cabeça e eu esqueci totalmente da realidade que eu tinha. Eu vivo constantemente com medo. Medo de que as coisas mudem; medo de que continuem iguais. Mudanças nunca foram fáceis para mim e mesmice nunca se encaixou na minha vida. Estou internamente em uma fusão de sentimentos que me assombram. Queria sentir menos, porque às vezes me assusta imaginar que talvez eu sinta demais por todos aqueles que não sentem nada. Confusão tem se tornado uma palavra amiga. Into

A normalidade da cura

Eu gosto de observar as pessoas em lugares completamente lotados. Gosto de imaginar tudo o que cada uma delas já houvera passado nessa vida. Me traz um conforto imaginá-las nas mesmas circunstâncias que as minhas. Imaginar que todas elas já tiveram uma amizade que as detonou a cara, um amor que as dilacerou o coração, desentendimentos com os pais e, até, um cachorro que morreu. Eu gostava de imaginar isso, cara, é sério! Eu gostava de imaginar que eu era normal.  Mas acontece que não era como eu queria, as coisas não aconteciam com normalidade para mim. Por mais que o meu cachorro morresse, com certeza não seria como qualquer cachorro normal morre. Seria de uma isquemia cerebral ou uma epilepsia muito violenta, nada parecia acontecer de forma normal pra mim.  E eu me perguntava a todo tempo "por que isso acontece comigo?" - nos autoquestionar é sempre a primeira reação. E eu não sabia a resposta, mas gostava de imaginar que se em algum momento me ocorresse algo bom, seria

Quanto tempo você perde?

Há alguns dias, depois de algumas desavenças, eu comecei a pensar no tempo que passou, no tempo que eu deixei passar. Quanto tempo você perde? Perde se preocupando com que roupa vai usar hoje à noite, perde ficando brava e não aceitando convites humildes e sinceros como jogar uma partida de um jogo chato da internet com alguém que se importa com você. Quanto tempo você perde julgando as pessoas? Pessoas como você, com problemas como você, com medos como você. Quanto tempo você perde deixando de falar com alguém só por que essa pessoa "por fora" é alguém que você não tem desejo nenhum em conhecer? Quanto tempo você perde perdendo as pessoas por opiniões ridículas? Quanto tempo você perde achando que as coisas precisam ser perfeitas como você quer?  Incontáveis as vezes que eu deixei de ser feliz com medo, com anseio. Todos possuem isso, todos precisam lidar com isso. Sabe de uma coisa? Eu tenho medo do tempo. Eu acho que sou uma gigante medrosa. E quero que você não seja

Abraçada

A calçada e a rua eram estreitas de tal modo que os pedestres podiam caminhar lado a lado dos carros, cada esquina parecia se cruzar com a outra. O aglomerado de pessoas na calçada me abraçava. Talvez não fosse a melhor forma de toque, mas eu me sentia abrangida. Não pense que eu sou uma solitária, carente, mas eu gosto mais do mundo inteiro do que de uma pessoa só. O mundo em seu todo não te fere nos lugares mais dolorosos, porque ele não te conhece, porque ele não te sabe. Em muitas, até mesmo te oportuna o bem perene. De longe eu avisto as bicicletas do Saint's Cooffe que estão sempre lá, completando a decoração em conjunto com as flores do lado de fora. Seu Pierre costuma dizer que as flores possuem a capacidade de suprir todas as dores e todos os males de uma pessoa. Por isso precisam ser trocadas todos os dias por novas para que continuem desenvolvendo o seu trabalho com tanta sutileza sem equívocos. Para ser sincera, eu não sei exatamente se isso acontece ou se é algo que